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2012 - Livro Vermelho 2013

Symplocos tenuifolia Brand LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 03-04-2012

Criterio:

Avaliador: Danielli Cristina Kutschenko

Revisor: Miguel d'Avila de Moraes

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Symplocos tenuifolia é uma espécie arbórea a arbustiva ocorrente em estados do sul e sudeste do Brasil em diferentes habitats. Possui extensão de ocorrência de 212.341,060km². Apesar de o ambiente onde ocorre estar sob um histórico de pressão antrópica e atualmente sofrer com a fragmentação, a espécie ocorre em áreas protegidas, além de ser amplamente distribuída e bem representada nos locais onde ocorre. Desta forma, Symplocos tenuifolia está sob baixo risco de extinção, sendo considerada Menos preocupante (LC), entretanto, estudos posteriores de redução populacional ou restrições biológicas poderão levá-la a uma nova avaliação futuramente.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Symplocos tenuifolia Brand;

Família: Symplocaceae

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Espécie descrita em Engl., Pflanzenr. IV. 242 (6): 71-72. 1901. Nomes populares: "Capororoca", "Capororoquinha", "Carne-de-vaca", "Congonha", "Maria-mole", "Maria-mole-miúda", "Orelha-de-gato", "Pessegueiro-bravo" e "Vauvú" (Aranha Filho et al., 2007).

Dados populacionais

Em estudo fitossociológico, em um fragmento de floresta estacional semidecidual, no município de Itatinga, estado de São Paulo, foram amostrados 14 indivíduos por hectare (Ivanauskas et al., 1999). Em estudo de florística dos corredores ciliares em regeneração natural no planalto norte catarinense, Scariot & Reis (2010), afirmam uma densidade absoluta desta espécie de 7 indivíduos, porém não citam o tamanho da área amostrada. Em estudo realizado em área de floresta ombrófila mista, nos municípios de Bituruna, General Carneiro e Palmas, no estado do Paraná, foram amostrados um total de 4 indivíduos em 5 transecções de 5 km de extensão (Liebsch; Bos Mikich, 2009). Em estudo em área de Cerrado do Parque Estadual do Guartelá, no município de Tibagi, no estado do Paraná, foram amostrados 6 indivíduos, relacionados ao componente arbustivo-arbóreo, e 5 indivíduos relacionados ao componente subarbustivo, em uma área total de 0,125 ha (Carmo, 2006).

Distribuição

Ocorre nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Aranha Filho; Martins, 2012); entre 800-1300m de altitude (Aranha Filho et al., 2007).

Ecologia

Caracteriza-se por árvores, ocasionalmente arbustos, terrícola, podendo atingir de 1,5-15m de altura; floresce principalmente de Outubro a Dezembro, raramente de Setembro a Maio, frutifica principalmente de Dezembro a Março, raramente em Novembro, Abril ou Maio (Aranha Filho; Martins, 2012; Aranha Filho et al., 2007); apresenta síndrome de polinização zoofílica e dispersão zoocórica (Scariot; Reis, 2010); segundo Colonetti et al. (2009) possui síndrome de dispersão por autocoria.

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes NoBrasil, a área original de Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária),era de aproximadamente 200.000 a 250.000 km², ocorrendo com maiorintensidade nos Estados do Paraná (40%), Santa Catarina (31%), Rio Grande doSul (25%), apresentando manchas esparsas no sul de São Paulo (3%),internando-se até o sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro (1%).Esta formação vegetacional, típica da região sul do Brasil, abriga componentesarbóreos de elevado valor comercial, como a Araucariaangustifolia (pinheiro) e Ocoteaporosa (imbuia), por isso esta floresta foi alvo de intenso processo deexploração predatório. Atualmente os remanescentes florestais não perfazem maisdo que 1% da área original, e suas espécies arbóreas estão relacionadas nalista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. A FlorestaOmbrófila Mista teve significativa importância no histórico de ocupação daregião sul, não somente pela extensão territorial que ocupava, masprincipalmente pelo valor econômico que representou durante quase um século. No entanto, a intensidade da exploração madeireira, desmatamentose queimadas, substituição da vegetação por pastagens, agricultura,reflorestamentos homogêneos com espécies exóticas e a ampliação das zonasurbanas no sul do Brasil, iniciados nos primeiros anos do século XX, provocaramuma dramática redução da área das florestas originais na região (Medeiros et al., 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes ​A Mata Atlântica já perdeu mais de 93% de sua área e menos de 100.000 km² de vegetação remanesce. Algumas áreas de endemismo, como Pernambuco, agora possuem menos de 5% de sua floresta original. Dez porcento da cobertura florestal remanescente foi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis em vigilância e proteção. Antes cobrindo áreas enormes, as florestas remanescentes foram reduzidas a vários arquipélagos de fragmentos florestais muito pequenos, bastante separados entre si. As matas do nordeste já estavam em grande parte devastadas (criação de gado e exploração de madeira mandada para a Europa) no século XVI. As causas imediatas da perda de habitat: a sobrexplotação dos recursos florestais por populações humanas (madeira, frutos, lenha, caça) e a exploração da terra para uso humano (pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiro aceleraram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola (açúcar, café e soja). A derrubada de florestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650km2 de florestas foram perdidos nos últimos 15 anos (284 km² por dia). Em adição à incessante perda de hábitat, as matas remanescentes continuam a ser degradadas pela extração de lenha, exploração madeireira ilegal, coleta de plantas e produtos vegetais e invasão por espécies exóticas (Tabarelli et al., 2005).

1.1 Agriculture
Detalhes A degradação do solo e dos ecossistemas nativos e a dispersão de espécies exóticas são as maiores e mais amplas ameaças à biodiversidade. A partir de um manejo deficiente do solo, a erosão pode ser alta: em plantios convencionais de soja, a perda da camada superficial do solo é, em média, de 25ton/ha/ano. Aproximadamente 45.000km2 do Cerrado correspondem a áreas abandonadas, onde a erosão pode ser tão elevada quanto a perda de 130ton/ha/ano. O amplo uso de gramíneas africanas para a formação de pastagens é prejudicial à biodiversidade, aos ciclos de queimadas e à capacidade produtiva dos ecossistemas. Para a formação das pastagens, os cerrados são inicialmente limpos e queimados e, então, semeados com gramíneas africanas, como Andropogon gayanusKunth., Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich) Stapf, B. decumbens Stapf,Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf e Melinis minutiflora Beauv. (molassa ou capim-gordura). Metade das pastagens plantadas (cerca de 250.000km2 - uma área equivalente ao estado de São Paulo) está degradada e sustenta poucas cabeças de gado em virtude da reduzida cobertura de plantas, invasão de espécies não palatáveis e cupinzeiros (Klink; Machado, 2005).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada Em Perigo (EN) pela Lista vermelha daflora do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002).

4.4.3 Management
Observações: Espécie ocorre em Unidades de Conservação: Estação Ecológica de Angatuba e Estação Ecológica de Assis, no Estado de São Paulo (CNCFlora, 2011).

Referências

- ARANHA FILHO, J.L.M.; MARTINS, A.B. Symplocos tenuifolia in Symplocos (Symplocaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB014918>. Acesso em: 17/02/2012.

- IVANAUSKAS, N.M.; RODRIGUES, R.R.; NAVE, A.G. Fitossociologia de um trecho de Floresta Estacional Semidecidual em Itatinga, São Paulo, Brasil., Scientia Forestalis, n.56, p.83-99, 1999.

- SCARIOT, E.C.; REIS, A. Riqueza e estrutura florística de corredores ciliares em regeneração natural no planalto norte catarinense, sul do Brasil., Perspectiva, v.34, n.125, p.53-65, 2010.

- COLONETTI, S.; CITADINI-ZANETTE; MARTINS, R. ET AL. Florística e estrutura fitossociológica em floresta ombrófila densa submontana na barragem do rio São Bento, Siderópolis, Estado de Santa Catarina., Acta Scientiarum (Biological Sciences), Maringá, v.31, p.397-405, 2009.

- LIEBSCH, D.; BOS MIKICH, S. Fenologia reprodutiva de espécies vegetais da Floresta Ombrófila Mista do Paraná, Brasil., Revista Brasileira de Botânica, v.32, p.375-391, 2009.

- CARMO, M.R.B. Caracterização fitofisionômica do Parque Estadual do Guartelá, Município de Tibagi, Estado do Paraná. Doutorado. Rio Claro, SP: Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho", 2006.

- MEDEIROS, J.D.; SAVI, M.; BRITO, B.F.A. Seleção de áreas para a criação de Unidades de Conservação na Floresta Ombrófila Mista., Biotemas, v.18, p.33-50, 2005.

- KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado Brasileiro., Megadiversidade, 2005.

- TABARELLI, M.; PINTO, L.P.; SILVA, J.M.C.; ET AL. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira., Megadiversidade, p.132-138, 2005.

Como citar

CNCFlora. Symplocos tenuifolia in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Symplocos tenuifolia>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 03/04/2012 - 19:40:29